Todos os anos consecutivos é realizado a famosa roda de final de ano do Grupo de Capoeira Capu Japão em Osaka, do Contra Mestre Lua Cheia!  Esse ano não foi diferente, pela 11ª vez consecutiva, foi também um grande evento!

Foi a primeira vez que eu participei de um evento desse porte. Fiquei impressionada com a diversidade de grupos que existem e a quantidade de participantes. Haviam pessoas de todo o Japão. Conheci  além de japoneses, brasileiros, polonês, inglês, porto riquenho, entre outros. Uma diversidade grande, mostrando que a capoeira não tem raça, ela é a mistura de todas, ela é a raça capoerista!

 

A primeira atividade do evento foi o WS de música (tocada e cantada),  ministrada pelo Contra Mestre Lua Cheia. Primeiramente foi mostrado a  importância do ritmo. Numa simples marcação de batidas de pés, tinhamos que conciliar as batidas de pés com as palmas das mãos em quatro ritmos. Foi um ótimo exercício para o cérebro! Em seguida usando os instrumentos (berimbau, pandeiro, agogô e reco-reco)  reproduzimos um dos ritmos ensinados. Numa mescla de ritmo e instrumento senti dificuldade em conciliar os dois. No final, entramos na parte do canto. Com os instrumentos, fomos cantando o corrido (cantiga que se segue depois da ladainha). Um bonito coro foi formado ao comando do Lua Cheia! Foi um WS bem interessante onde aprendi  músicas novas que eu desconhecia e aumentou ainda mais a minha vontade de aprender mais sobre a música na capoeira!

 

Início da roda! Enquanto a bateria se formava ao canto central do salão, os participantes iam se cumprimentando num clima de amizade e alegria! Com as palavras de abertura do organizador CM Lua Cheia, a roda de final de ano 2017 se iniciava…!

Formaram três rodas ao mesmo tempo. Ao som da bateria, cada roda seguia com seus diferentes jogos e animação dos capoeiristas!

 

Teve a participação das crianças, que deram um brilho especial ao evento! Nossas crianças também fizeram bonito! Gavião e Dinossauro jogaram com adultos e conseguiram se sair bem no jogo, mesmo não conhecendo o adversário. Usaram a mandinga com estilo angoleiro e fizeram um bonito jogo!

Saguim e Alho também fizeram um jogo bem apresentavel! Para aquele que estive assistindo, saberia que se tratava da nossa estilosa capoeira angola. Independente de com quem estivessem jogando, mostraram um jogo bem equilibrado, mandingueiro, respeitando o outro com a alegria da capoeira. Deram o recado de como é que tem que ser!

Um pouco antes do término da roda, na roda principal (onde jogam os capoeristas mais experientes), surgiu um pequeno desentendimento entre dois participantes. O que era para ser mais um bonito jogo de capoeira, infelizmente acabou virando quase uma “luta” de jiu-jitsu! Que pena! Apesar do susto, eu ainda acredito na verdadeira essência da capoeira que é o juntar! Juntar pessoas, juntar povos, sem extinção de grupos ou estilos… Juntar sempre, para unir cada vez mais corações!

 

Após a roda, abriu o samba de roda, onde a animação se multiplicou ao som da bateria em ritmo de samba! Momento contagiante!

Para encerrar o evento, professores, lideres e representantes de grupos, deixaram seus recados e mensagens. Dentre essas mensagens o que mais me marcou foi a mensagem que Liberdade falou, quase no final.  Ele disse com simplicidade e de maneira natural a importância dos três “R”s: Ritmo, Ritual e Respeito!

 

Esses três “R”s me fez refletir…

Ritmo! No ritmo, percebi a importância de não somente o ritmo da música, mas o ritmo num conjunto total… Ter ritmo numa ginga ou num simples movimento… Se ambas pessoas não estiverem no mesmo ritmo dentro do jogo, não estarão compatíveis… Haverá atrito e o jogo não fluirá… Como numa orquestra afinada, na capoeira também precisa ter o mesmo ritmo, é preciso que os dois joguem no ritmo adequado para ser algo bonito! Assim haverá harmonia e um bonito jogo contagia todos!

Ritual! Existiu, existe e sempre existirá o ritual da capoeira. Isso está no fundamento, na base, na origem dela. O ritual foi passado de geração para geração pelos mestres, e deverá ser passado para as próximas gerações. É dever procurar saber e estudar o ritual da capoeira, da mesma intensidade que treinam os movimentos. Dentro do ritual está a essência e a filosofia da capoeira! É a ligação do corpo e do coração!

Respeito! Talvez seja a mais importante e que liga os três “R”s. Não teria o ritmo ou o ritual se não houvesse o respeito! Não somente respeito pelos Mestres, mas respeito por tudo! Independente de grupo ou estilo que pertence a pessoa. Respeitar a roda, os instrumentos e principalmente o adversário, independente dela ser criança, mulher ou idoso. O respeito deve existir sempre, dentro e fora da capoeira!

Finalizado o evento pelas palavras do CM Lua Cheia, fomos para a confraternizaçã num bar próximo. Conheci muitas pessoas e pude ouvir diferentes pontos de vista, como por exemplo, como as pessoas de outros grupos vêem a nossa capoeira angola. É muito interessante saber o que acham da capoeira angola. Durante a confraternização, conversei com várias pessoas diferentes e interessantes! É muito importante convivermos juntos!

Para mim participar desse evento foi um grande aprendizado! E para fechar a noite, na hospedagem em que ficamos, fizemos nossa papoeira e foi bem interessante! Já era altas horas da madrugada quando demos conta que precisávamos dormir! Valeu cada minuto dessa incrível experiência!

Espero que no ano que vem, possamos ir todos juntos!

 

Um Feliz Ano Novo!

Que 2018 seja um ano repleto de Alegrias, Realizações e muito Axé para todos!!

(そ)